As últimas cartas abertas pedindo para desacelerar o desenvolvimento desenfreado da inteligência artificial (IA) provavelmente serão tão ineficazes quanto as anteriores.
Por que é importante
O debate sobre os perigos a longo prazo da IA perdeu grande parte do interesse das empresas de tecnologia, que estão determinadas a dominar o que consideram a próxima grande plataforma de sua indústria. Os principais desenvolvedores de IA arrecadaram enormes quantias para construir IA de forma mais rápida, maior e (dedos cruzados) melhor — e será necessário mais do que uma lista de assinaturas para mudar seu curso.
A notícia
Na terça-feira, funcionários e ex-funcionários da OpenAI publicaram um novo apelo público por proteções para denunciantes nas principais empresas de IA. A carta, intitulada “Um Direito de Avisar sobre Inteligência Artificial Avançada”, seguiu-se às saídas de líderes de segurança da OpenAI e às controvérsias sobre as cartas de demissão que a empresa exigia que os funcionários assinassem.
Retrospectiva
Em março de 2023, apenas quatro meses após o lançamento do ChatGPT pela OpenAI, que desencadeou uma febre de IA, pesquisadores e líderes proeminentes de IA assinaram uma carta pedindo uma “pausa” de seis meses no desenvolvimento avançado de IA, citando riscos existenciais para a sobrevivência humana colocados pela tecnologia. A carta ganhou ampla cobertura da mídia, mas não houve pausa. Na verdade, o sucesso do ChatGPT deu início a uma corrida armamentista acelerada — inicialmente entre a OpenAI (junto com sua parceira Microsoft) e o Google, e eventualmente com a adesão de todas as principais empresas de tecnologia.
No mesmo mês em que a carta foi publicada, Elon Musk, seu signatário mais famoso, incorporou sua própria empresa de IA — levando os cínicos a sugerirem que ele queria que os concorrentes parassem para que sua startup pudesse alcançá-los.
Persistência da Dissidência
A persistência da dissidência entre os funcionários da OpenAI sugere que a empresa pode estar menos unida do que parecia após o drama na sala de reuniões no outono passado. Após o conselho da empresa demitir o CEO Sam Altman, praticamente todos os funcionários da empresa assinaram outra carta aberta, exigindo seu retorno. Essa carta teve resultados.
Visão Geral
Dezenas de bilhões de dólares já estão comprometidos com a aceleração do desenvolvimento de IA. Os recursos vêm de gigantes da tecnologia como Microsoft, Google e Meta. Eles vêm das firmas de capital de risco, que apostam em uma nova onda de crescimento de startups. E vêm dos fabricantes de ferramentas — principalmente, fabricantes de chips liderados pela Nvidia e TSMC — que constroem produtos para acelerar o trabalho dos desenvolvedores de IA.
Este tipo de onda de investimento ocorre uma vez a cada 15 anos ou mais no Vale do Silício — mais recentemente com a massificação do smartphone por volta de 2010; antes disso, com o surgimento da internet a partir de 1995; e antes disso, com a chegada da computação pessoal por volta de 1980. Essas ondas têm seus próprios booms e quedas, mas nenhuma delas jamais foi estagnada.
Uma vez que as empresas se veem em uma corrida, elas sempre parecem se mover mais rápido do que os reguladores, denunciantes, dissidentes e qualquer outra pessoa que queira dizer “Espere um minuto, pense nas consequências.”
Exemplo
O Google, que liderava o mundo em pesquisa de IA, estava se movendo mais cautelosamente na era pré-ChatGPT. O sucesso da OpenAI levou os líderes e investidores do Google a sentirem que não tinham escolha a não ser acelerar.
Outro Lado
O boom da IA é a primeira nova onda tecnológica a chegar após a era do “techlash”, quando líderes políticos e grande parte do público perderam a confiança nas empresas de tecnologia. As falhas da era das redes sociais podem deixar o público mais preparado para questionar as intenções das empresas de IA e menos ansioso para acreditar em suas promessas.
Conclusão
Em última análise, as empresas de tecnologia devem convencer empresas e indivíduos de que a IA vale a pena. Caso contrário, encontrarão uma grande quantidade de equipamentos caros e muito menos clientes do que esperavam