A onda dos carros elétricos acessíveis está ganhando força, e a fabricante chinesa BYD assume a liderança com um modelo que promete balançar o mercado europeu. Enquanto marcas como Volkswagen e Renault ainda planejam seus modelos populares, os chineses já colocam no mercado o Dolphin Surf por um preço inicial altamente competitivo de 19.990 euros.
Esse valor, no entanto, é uma oferta promocional válida por tempo limitado. A partir de 1º de julho, o preço subirá para 22.990 euros — ainda assim, uma quantia bastante atraente frente à concorrência nesse segmento.
Embora custe mais do que modelos compactos como o Dacia Spring ou o Leapmotor T03, o Dolphin Surf entrega uma experiência mais completa. Com 3,99 metros de comprimento e 2,50 metros de entre-eixos, ele oferece espaço suficiente para quatro ocupantes, sendo um modelo mais próximo de um hatch compacto do que de um subcompacto. Isso se reflete em uma condução que transmite mais maturidade e estabilidade.
Ainda que o carro possa parecer um pouco instável em faixas de rodagem devido à sua largura estreita e rodas pequenas, o sistema de suspensão é competente para absorver irregularidades do asfalto. A direção é precisa e os freios têm resposta firme e ágil.
O Dolphin Surf conta com três modos de condução e duas opções de frenagem regenerativa. No entanto, não chega a oferecer uma experiência de condução com apenas um pedal. Ao tirar o pé do acelerador, o carro reduz a velocidade com intensidade razoável, mas não chega a parar completamente sozinho.
Desempenho elétrico adaptado ao uso urbano
O modelo vem equipado com duas opções de motorização elétrica, ambas na dianteira. A versão básica traz um motor de 65 kW (88 cv), enquanto a mais potente entrega 115 kW (156 cv). A diferença de aceleração entre os dois modelos é de cerca de três segundos, mas mesmo o motor mais forte é ágil e agradável, especialmente em arrancadas no trânsito urbano. Fora das cidades, ambos os modelos atingem velocidade máxima limitada a 150 km/h.
Esse desempenho é adequado para a proposta elétrica do veículo, mas pode decepcionar motoristas acostumados com motores a combustão. Em termos de manobrabilidade, o Dolphin Surf se mostra menos ágil do que outros modelos de dimensões semelhantes, como o Firefly da Nio.
No entanto, o que realmente diferencia as versões são os conjuntos de bateria. O modelo de entrada conta com células LFP de 30 kWh, autonomia de 220 km pelo ciclo padrão e carregamento DC limitado a 65 kW, o que torna as recargas mais demoradas.
Já a versão mais cara, a partir de 26.990 euros, vem com uma bateria de 43,2 kWh, que permite recarga a até 85 kW e oferece alcance de 322 km. Segundo a BYD, em uso urbano, é possível ultrapassar os 500 km de autonomia — uma boa opção para quem busca um carro para trajetos diários ou como segundo veículo da família.
Economia nos materiais, mas espaço surpreendente
Apesar dos pontos positivos, o Dolphin Surf deixa a desejar na escolha de materiais. Plásticos simples e de aparência frágil são utilizados nas portas e no painel, evidenciando o foco da BYD em cortar custos. Elementos como tampa do porta-malas e compartimento frontal (frunk) foram completamente eliminados.
Em compensação, o espaço interno é bem aproveitado. Há conforto suficiente para passageiros na fileira traseira, especialmente crianças, e o porta-malas oferece entre 308 e 1.037 litros, números respeitáveis para sua categoria.
Na parte tecnológica, o modelo não decepciona. Como nos outros veículos da marca, o Dolphin Surf traz uma central multimídia com tela giratória ao lado do volante — mesmo que neste caso tenha o tamanho de um cartão postal.
Com uma proposta urbana, bom pacote tecnológico e preço agressivo, o Dolphin Surf surge como uma alternativa interessante para quem busca eletrificação sem estourar o orçamento. Ele pode não ter o refinamento de modelos europeus, mas mostra que os chineses estão dispostos a mudar as regras do jogo.