Os preços do petróleo registraram uma queda superior a US$ 1 por barril nesta segunda-feira, após a aliança OPEP+ anunciar que vai acelerar ainda mais o ritmo de aumento da produção, alimentando receios de um possível excesso de oferta em meio a um cenário incerto de demanda global.
O barril do Brent caiu US$ 1,34 (ou 2,19%) e passou a ser negociado a US$ 59,95 às 07h17 (GMT). Já o WTI (West Texas Intermediate), referência dos Estados Unidos, recuou US$ 1,42 (ou 2,44%), sendo cotado a US$ 56,87. Ambos os contratos tocaram os níveis mais baixos desde 9 de abril logo na abertura do pregão, refletindo a decisão da OPEP+ de aumentar a produção de petróleo pelo segundo mês consecutivo. Em junho, o grupo planeja adicionar mais 411 mil barris por dia (bpd) à oferta global.
Com esse aumento programado para junho, a alta acumulada entre abril e junho chegará a 960 mil bpd, o que representa uma reversão de 44% dos cortes de 2,2 milhões de bpd que haviam sido acordados desde 2022, segundo cálculos da agência Reuters.
“A decisão de 3 de maio da OPEP+ de elevar novamente as cotas de produção em 411 mil bpd para junho reforça a expectativa de que o equilíbrio entre oferta e demanda caminha para um excedente”, avaliou Tim Evans, fundador da consultoria Evans on Energy.
Fontes da OPEP+ indicaram que o grupo poderá desfazer completamente os cortes voluntários até o fim de outubro, caso os membros não melhorem o cumprimento de suas cotas. Segundo essas fontes, a Arábia Saudita estaria pressionando para acelerar esse processo como forma de punir membros como Iraque e Cazaquistão, que não estariam cumprindo os limites de produção estabelecidos.
Outro sinal do possível excesso de oferta foi a reversão da estrutura de preços do mercado futuro do Brent. A diferença entre o contrato com vencimento no próximo mês e o de entrega em seis meses recuou de 47 centavos para apenas 4 centavos por barril. Na manhã desta segunda, o diferencial virou negativo pela primeira vez desde dezembro de 2023, estabelecendo uma estrutura de contango — quando os preços futuros estão mais altos que os atuais — o que indica uma percepção de mercado mais abastecido ou uma possível queda na demanda.
O cenário levou bancos como Barclays e ING a reverem para baixo suas projeções para o preço do Brent. O Barclays reduziu sua estimativa para 2025 em US$ 4, projetando o barril a US$ 66, e para 2026 em US$ 2, prevendo US$ 60. Já o ING passou a prever uma média de US$ 65 para este ano, abaixo da estimativa anterior de US$ 70.
“Agora esperamos que a OPEP+ elimine os ajustes voluntários adicionais até outubro de 2025, mas também projetamos um crescimento um pouco mais lento da produção de petróleo dos EUA”, explicou o analista Amarpreet Singh, do Barclays. Segundo ele, o impacto líquido do aumento da oferta da OPEP+ e da redução da produção norte-americana levou o banco a revisar para cima a estimativa de oferta em 290 mil bpd para 2025 e em 110 mil bpd para 2026.
Analistas do ING, liderados por Warren Patterson, acrescentaram que o equilíbrio global do petróleo deve caminhar para um superávit mais acentuado ao longo de 2025. “O mercado de petróleo já vinha lidando com uma demanda incerta, em meio a riscos tarifários. Agora, essa mudança na política da OPEP+ traz ainda mais incerteza do lado da oferta”, destacaram.
No cenário geopolítico, tensões voltaram a crescer no Oriente Médio. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu retaliar o Irã após o grupo Houthi, apoiado por Teerã, lançar um míssil que caiu nas proximidades do principal aeroporto israelense.