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EUA revogam licenças da Intel e Qualcomm para vendas à Huawei da China, segundo fontes

Os Estados Unidos revogaram as licenças que permitiam a empresas, incluindo a Intel (INTC.O) e a Qualcomm (QCOM.O), exportar chips utilizados em laptops e smartphones para a Huawei Technologies, fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações sancionada, de acordo com três fontes a par do assunto. Uma quarta fonte informou que algumas das empresas foram notificadas na terça-feira de que suas licenças foram revogadas com efeito imediato. Mais cedo no mesmo dia, o Departamento de Comércio dos EUA confirmou que algumas licenças haviam sido revogadas, mas não especificou quais empresas foram afetadas.

Um porta-voz da Intel recusou-se a comentar sobre o caso. A Qualcomm não respondeu a um pedido de comentário, e a Huawei também não respondeu imediatamente.

A decisão ocorre após o lançamento, no mês passado, do primeiro laptop habilitado para IA da Huawei, o MateBook X Pro, equipado com o novo processador Core Ultra 9 da Intel. O lançamento do laptop provocou críticas de legisladores republicanos, que interpretaram como uma sinalização do Departamento de Comércio para a Intel vender o chip à Huawei.

“Revogamos certas licenças para exportações para a Huawei”, disse o Departamento de Comércio em comunicado, sem especificar quais. A ação do departamento, inicialmente reportada pela Reuters, surge após uma pressão contínua de republicanos críticos da China no Congresso, que têm instado a administração Biden a adotar medidas mais rigorosas contra a Huawei. “Essa ação fortalecerá a segurança nacional dos EUA, protegerá a ingenuidade americana e diminuirá a capacidade da China Comunista de avançar sua tecnologia”, afirmou a congressista republicana Elise Stefanik.

A medida pode prejudicar a Huawei, que ainda depende dos chips da Intel para seus laptops, e também afetar fornecedores dos EUA que fazem negócios com a empresa. “A China se opõe resolutamente aos Estados Unidos por estenderem excessivamente o conceito de segurança nacional e abusarem dos controles de exportação para suprimir empresas chinesas sem justificativa”, declarou o ministério das Relações Exteriores da China.

A Intel também enfrenta uma demanda fraca por seus chips tradicionais de centros de dados e PCs. No mês passado, a empresa perdeu 11 bilhões de dólares em valor de mercado após prever receitas e lucros abaixo das estimativas de mercado para o segundo trimestre.

A Huawei foi incluída em uma lista de restrições comerciais dos EUA em 2019, em meio a temores de que pudesse espionar americanos, parte de um esforço mais amplo para limitar a capacidade da China de fortalecer seu poderio militar. Sendo adicionada à lista, os fornecedores da empresa precisam buscar uma licença especial, difícil de obter, antes de fazerem envios.

Apesar disso, fornecedores da Huawei receberam licenças que valem bilhões de dólares para vender produtos e tecnologia à empresa, incluindo uma autorização particularmente controversa, emitida pela administração Trump, que permitiu à Intel enviar processadores centrais para a Huawei para uso em seus laptops desde 2020. A Qualcomm tem vendido chips 4G mais antigos para smartphones desde que recebeu uma licença dos oficiais dos EUA em 2020. Em um arquivo regulatório no início deste mês, a Qualcomm declarou não esperar mais receitas de chips da Huawei após este ano. Contudo, a Qualcomm ainda licencia seu portfólio de tecnologias 5G para a Huawei, que no último ano começou a usar um chip 5G projetado por sua unidade HiSilicon, que muitos analistas acreditam ser fabricado em violação às sanções dos EUA. A Qualcomm anunciou neste mês que seu acordo de patentes com a Huawei expira no início do ano fiscal de 2025 da Qualcomm, e que já começou negociações para renovar o acordo.